Talita Moura é fisioterapeuta há 12 anos e proprietária da clínica de fisioterapia e Pilates FisioVida, localizada na pequena Ceres-GO. Até o final de 2024, a empreendedora projeta aumentar 300% em número de alunos e, no mesmo período, dobrar seu faturamento. Embora pareçam superlativas, as expectativas da empresária estão fundamentadas em projeções, métricas e um plano de negócios muito bem estruturado. Algo que só foi possível por meio de um trabalho de construção que começou em 2021, quando Talita comprou a parte da sócia no empreendimento e convidou uma agente local de inovação (ALI) do Sebrae para atuar a seu lado.
“Uma aluna que trabalha no Sebrae me colocou em contato com o time de ALIs. Três meses depois, iniciamos um ciclo de consultorias que começou com o diagnóstico da empresa. Prototipamos o negócio do zero e o processo abriu meus olhos. Faltava gestão, eficiência, sistemas... Eu era ótima em atender, mas precisava de todo o resto”, relata a fisioterapeuta.
Embora o desafio fosse grande e os recursos escassos, Talita estava comprometida com o processo. Além de fazer a “lição de casa” (as tarefas demandadas pela ALI) em tempo recorde, estudou e implementou diversas ferramentas de gestão e marketing na empresa a custo quase zero. Tudo sob orientação da sua parceira de negócio. “Aprendi que é possível ser proficiente na gestão lançando mão de ferramentas gratuitas. Além disso, muitas vezes as saídas para o negócio estão na simplicidade, nas mudanças sutis”, revela.
Débora Mazzei, coordenadora nacional do ALI no Sebrae, afirma que um dos maiores ganhos oferecidos pelo programa é o momento de observação do empresário orientado pelo olhar externo dos agentes para o negócio. “O empreendedor muitas vezes está concentrado na solução das demandas do dia a dia, das emergências que surgem a cada instante. Com isso, o olhar macro para o negócio fica prejudicado. Isso impede que boas decisões sejam tomadas, afetando a produtividade da empresa”, conta.
Talita conta que no início da consultoria considerava seu espaço superlotado com 28 alunos matriculados. “Não conseguia controlar a frequência e nossa agenda era cheia com três professores. No mesmo espaço físico, hoje estamos com mais de 100 alunos e nove profissionais”, explica. A clínica está em processo de expansão e até janeiro de 2024 deverá inaugurar sua segunda unidade. Daí as projeções de crescimento mencionadas no início da matéria.
Agente Local de Inovação
O programa de ALIs nasceu há 15 anos inspirado em um projeto de inovação criado na Índia. Naquele país, pesquisadores iam até as empresas, realizavam estudos a partir de inputs fornecidos pelos empresários, desenvolviam metodologias e testavam in loco. “Com isso, era possível entender muito rapidamente e de modo empírico o que dava certo ou não para cada tipo de negócio”, conta a coordenadora do Sebrae. No Brasil, a ideia teve inspiração também nos médicos da família, que durante muito tempo visitavam seus pacientes em casa e cuidavam da saúde de todos os moradores de maneira holística.
Para participar, micro e pequenos empresários devem se cadastrar no Portal ALI, responder a um questionário sobre a empresa (que precisa estar formalizada) e aguardar o processo de seleção, que ocorre em dois ciclos: janeiro e julho. Segundo Débora, todos os anos são cerca de 20 mil vagas disponíveis em todo o Brasil, sempre de acordo com a densidade empresarial dos estados. Todo o processo de consultoria do ALI é gratuito e quinzenalmente há encontros (individuais e coletivos) onde são feitos diagnósticos a partir de dados fornecidos pela empresa, mensurações, pilotos e implementações. Ao final, os números de produtividade são comparados e, no geral, os dados de crescimento impressionam. “É claro que depende de cada tipo de negócio, de sazonalidades, do empenho de cada participante, mas no geral a melhora é significativa”, aponta Débora.
Fomento à pesquisa
Se por um lado o projeto do Sebrae beneficia o micro e pequeno empresariado brasileiro, por outro é o ecossistema de inovação que sai ganhando. Isso porque o time de agentes locais de inovação é composto por bolsistas que são selecionados em editais para pesquisar as empresas por cerca de 24 meses. No período, além de visitar e orientar os empreendedores, cada ALI deve produzir um artigo científico e um estudo de caso. “Esse material é produzido em linguagem acessível e fica disponível para consulta dos empresários. A ideia é que o conhecimento seja disseminado e que os aprendizados de uma empresa inspirem muitas outras”, conta a especialista do Sebrae.
Campina Saúde
Sabrina Ramalho é enfermeira de formação e em 2016 decidiu empreender no ramo de materiais médicos e hospitalares. Ao tomar a decisão, renunciou a um cargo público e foi buscar formação em vendas no atacado e varejo. “Enfermeiros são formados para cuidar, não para administrar. Foi nesse momento que o Sebrae entrou na minha vida”, conta a empresária, que hoje tem 18 funcionários em duas unidades da Campina Saúde, em Campina Grande-PB.
Além de realizar diversas formações e consultorias, contou com o apoio do programa ALI em 2020. Para ela, foi o passo de inovação que precisava para crescer. “O programa ALI tem um objetivo: minimizar custos do empresário e trazer aumento de faturamento por meio da inovação. Para isso é preciso estar de mente aberta porque as mudanças vão das simples às estruturais”, explica.
A empresária conta que no processo de análise do público-alvo da empresa, descobriu que estava distante dos clientes em potencial. A solução: fazer as malas e trocar o endereço da unidade. “Eu julgava estar na melhor localização da cidade, mas nossos estudos mostraram que estava perdendo negócios. Decidi mudar e embora tenha sido mais um recomeço, foi altamente recompensador. Em seis meses, nosso faturamento triplicou”, comemora a empreendedora.
O novo passo de Sabrina, que segue com o apoio do Sebrae, é o desenvolvimento de um aplicativo de vendas que presta consultoria aos clientes – algo inédito no país. “Meu interesse não é de apenas vender produtos, mas prestar assessoria qualificada e me certificar de que estou oferecendo o produto mais adequado à situação. O app vai ao encontro dessa necessidade e vai nos diferenciar ainda mais da concorrência. De certa forma, é uma maneira de seguir cuidando das pessoas e manter a vocação que descobri na enfermagem, tantos anos atrás.”
Quem pode participar do ALI
•Donos de micro ou pequenas empresas formalizadas nos setores da indústria, comércio ou serviços
•Produtores rurais, pequenas agroindústrias e empresas da cadeia de valor do agronegócio
•Escolas públicas de ensino básico (fundamental e médio)
•Indicações geográficas registradas
•Ecossistemas de inovação
Ao se inscrever no ALI, o empreendedor terá acesso a:
•Mensuração de indicadores empresariais
•Troca de experiências em grupos de WhatsApp
•Vídeos e palestras
•Encontros setoriais e estaduais
•Consultoria de um ALI por até seis meses
Fonte: G1
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